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sexta-feira, 27 de julho de 2012

O esvaziamento da morte, morrendo em hospitais, 10° capítulo

Esvaziamento da morte






quitação peremptória=morte=mortório ( Dicionário Analógico do Professor Ferreira)


                                                   Morrendo em hospitais. Com o passar dos séculos a nossa quitação peremptória ficou mais triste, mais lúgubre, pois morremos em hospitais, longe da família e dos amigos, entre outros esvaziamentos da morte. Este fato passou a ser corriqueiro no Brasil e em outros países. Qualquer problema de saúde leva à internação e se for grave o paciente vai e não volta para casa, morre no hospital.


                                                   A morte no hospital é parcelada, dividida em diferentes estágios técnicos, uma morte com muita técnica e solidificada com bastante silêncio. Este fenômeno contemporâneo é de certa forma assustador, uma vez que nas piores horas, temos a solidão do hospital e a ausência dos familiares e dos amigos, esvaziando o inevitável fenômeno da morte. Se observarmos bem, até pouco tempo atrás morria-se em casa, rodeado pelos familiares, com extrema unção, e o que era melhor, cercados de crianças. No hospital há uma intolerância com a morte do outro, ou seja, o moribundo é poupado  até da real gravidade de sua enfermidade quando em outros tempos o moribundo era incentivado a saber das suas reais condições físicas para preparar a sua própria morte.

...cacotanasia...
                                                    No mínimo temos de humanizar os hospitais. Por que tantos ares técnicos, formalismo acadêmico, tanto branco, será só o branco da paz e limpeza ou o branco da indiferença ou o mortório dando um branco?


                                                      Cacotanasia é uma morte aflitiva, morte em hospital não passa de uma cacotanasia moderna, nunca antes imaginada.

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