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sábado, 7 de julho de 2012

O Esvaziamento da Morte - As crianças e a morte, 5° Capítulo

   
As crianças e a morte. A morte fica cada vez mais fria, a isso chamo de Esvaziamento da Morte. Neste esvaziamento da morte, as crianças, a alegria de uma casa, de um doente ou moribundo são impedidas pelos adultos de participar deste momento, esvaziando-o drasticamente. Fica-se doente, morre-se no hospital, é velado em um lugar público, como se o problema não fizesse parte da vida, principalmente, das crianças; como se não fosse um momento natural e importante no ciclo da vida a convivência entre crianças e mortos.



 Perguntas de crianças. Quando as crianças perguntam pelo morto os adultos respondem com evasivas como “foi para o céu”. Passamos a não mais desabafar e a não chorar a morte para que as crianças não ouçam os lamentos e não fiquem impressionadas. Elas são poupadas, mas não da morte futura e do aprendizado dialético ou do necessário aprendizado vida e morte ou aprendizado nascimento e morte como complementos, como diálogo biológico, como começo e fim. A noção que as coisas funcionam em círculos, em ciclos, como um ouroboros, a serpente engolindo a sua cauda, acaba ficando prejudicada. Ademais, uma mentira é lançada às crianças que ficam confusas com os discursos contraditórios dos adultos.


                                                    O comportamento natural hoje é poupar as crianças da morte, esvaziar a morte. Agora o que devemos pensar é o seguinte: isso é bom ou ruim? Qual o motivo de antigamente o moribundo morrer até rodeado de crianças e isso hoje é como se fosse um pecadilho. É um fato ou um fenômeno social que devemos prestar atenção.






4 comentários:

  1. O pior de tudo é morrer no hospital, um lugar lúgubre, frio, e o pior é o doente não ter o direito de fazê-lo, com um aparato de bombas de infusão, drogas poderosas, ventilação mecânica, alimentação enteral, a morte é lenta e inexorável.
    Hoje se cultua a Distanásia, a má morte. Até quando?

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  2. No meus escritos sobre o Esvaziamento da Morte já escrevi sobre isso, a troca do lar rodeado pelas crianças e parentes pelo hospital. O capitalismo consegue tudo, inclusive, monetizar a morte. E os terríveis papa-defuntos rondando as mortes diuturnamente. Em um texto meu falo até da criação de um Código Civil da Morte. O nosso Código Civil evita falar da morte. Há preconceitos. A morte precisa de mais diálogo e filosofia. Um abraço.

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