Total de visualizações de página

sexta-feira, 8 de julho de 2011

"Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão."

                         




                                          A minha admiração por Eça de Queiroz, grande escritor portugês do realismo, nascido em Póvoa do Varzim em 1.845 e morto em Paris em 1.900 é indizível, considero-o um dos maiore escritores da língua portuguesa. Eça é autor do Crime do Padre Amaro, Os Maias, A cidade e as Serras, O Primo Basílio e a Tragédia da Rua das Flores, entre outras obras que li, e recomendo para quem gosta de deliciosos deleites espirituais inesquecíveis. Quando li pela primeira vez o pensamento acima, logo imaginei, gostaria de tê-lo elaborado. O prazer foi maior ainda quando vi de pronto que se tratava de Eça de Queiroz, nosso mestre.

                                          Se todo cidadão se conscientizasse que a melhor educação para o poder é a alternância, a mudança constante e incessante dos políticos, deverasmente, o mundo também mudava. Fala-se muito em educar o povo, contudo, não se alvitra educar os políticos. O certo e o recerto neste mundo sem fundo é que a corrupção é universal, não é nenhuma criação brasileira, é difícil de admitir mas a filosofia do homem é mais do mesmo. Se as mudanças incessantes das fraldas ou dos políticos fosse levado a cabo com sofreguidão, os politicos não faziam o que fazem. Ficariam educados, não teriam nenhuma chance com o eleitor. Para ser reeleito o candidato teria que ser muito bom e honesto. Infelizmente a realidade é outra. O povo não se interessa pelo poder e muito menos em educar os políticos, por isso eles são toscos e mal educados. Os políticos precisam de ser educados legalmente ou trocados pelo voto, a maior arma social, como se trocam fraldas. Essa de comparar políticos com fraldas foi de uma ironia espetacular Eça de Queiroz! Devemos gravar esta frase, não é apenas uma frase, um pensamento, é pura teoria científica sobre o poder quando mostra toda descartabilidade dos políticos ao afirmar, ao reduzir toda essência do poder, que eles precisam ser trocados incessantemente como fraldas. Essa recomendação de Eça é nagativa do poder. Se você quer conhecer uma pessa dê-lhe o poder e verás o verdadeiro homem na sua essência, se você quer ver a corrupção reinar, a demagogia, o carismo de pau, eleja os mesmos políticos, acredite em promessas mirabolantes e em políticos que roubam mas faz; simplesmente, não acredite que os políticos tem de ser trocados como fraldas. O mais interessante é que na época de Eça de Queiroz não existiam fraldas descartáveis. O homem criou a fralda descartável para ser trocada a vontade, ou seja, o pensamento cada dia está mais atual.  Sociedade, cadê o político descartável, jogado no lixo com desenvoltura como se fosse fralda! Evoluímos tecnologicamente mas não tivemos a mesma evolução em relação ao poder. O povo com certeza está nos devendo e em pecado gravíssimo contra Eça de Queiroz, que nasceu no longíquo ano de 1.845, o que é uma circunstância agravante no pecado. Como fazer para que as pessoas acreditem no princípio da fralda descartável? Se nas escolas o cidadão fosse apenas obrigado a gravar e discutir, incessantemente, como se fosse lavagem cerebral, este maravilhoso pensamento, ele já teria, com certeza, uma mente avançada sobre Teoria Política, o resto sobre esta ciência poderia ler depois ou jogar toda a teoria no lixo pois já estaria bem equipado socialmente com este axioma. Basta esta frase e pronto, grande parte do problema da corrupção ja tería sido resolvido. Contudo, o povo liso, leso e louco insiste, sempre, mas sempre, mas sempre mesmo, incessantemente, em votar nos mesmos políticos livres, leves e soltos. É triste observarmos, desde quando nascemos, salvo raras e heróicas mudanças, os mesmos políticos, fazendo as mesmas coisas que a maioria diz censurar da boca pra fora, alguns disfarçando os seus interesses na mantença dos mesmos.
             
                                              O outro lado da moeda. Se o homem teima em votar sempre nos mesmos, meteu na cachola a teoria do mais do mesmo, devemos colocar ao lado de Eça outro gigante, Maquiavel (1469-1527), autor do Príncipe, uma das melhores obras de todos os tempos sobre o poder. Este assunto não se esgota com a teoria mais do mesmo esposta, ela tem raízes mais profundas que só o povo e Maquiavel explicam. Vamos lá leitor, ânimo com estas divagações, serei breve. Na obra O Príncipe, o povo tem um destaque especial na teoria do poder, Maquiavel ensina que os políticos devem ser aliados do Povo, na medida do possível, e alerta que a mantença no poder, muitas vezes dependerá da boa vontade do povo. Segundo este iluminado do realismo político, o político deve ficar ao lado do povo pelo banal e interessante motivo que a massa quer pouco ou apenas liberdade. Essa massa, inclusive, olha os Príncipes, os detentores do poder, com benevolência ou não almeja o poder como a elite, o que é uma circunstância atenuante. Por outro lado, o povo acredita que trocar político é trocar seis por meia dúzia, o que seria, sem dúvida nenhuma, mais do mesmo ou da mesma elite, em resumo, tudo farinha do mesmo saco ou tudo não passa de uma insustentável troca de fraldas ou também é uma espécie do mais do mesmo. Fiquei atordoado com a fragilidade do raciocínio ao pensar em Maquiavel e chegar a conclusão que a teoria mais do mesmo se presta a mais de uma causa, e admito que  esta prática do povo é de uma sabedoria surpreendente, com outra circunstância atenuante deste não se dar ao trabalho de ficar gravando uma infinidade de nomes da insaciável elite. Ora, ora e ora, se estou errado, pelo menos devemos admitir que literatura e política estão sempre juntas com a literatura (Eça de Queiroz) sempre espetando a política, o que é muito bom. Não quis ofender os políticos, é que Eça nos confunde, Eça pela grandiosidade de seu pensanto nem aprovaria o texto acima, devo admitir que a minha matemática mais do mesmo é falaciosa e pronto, peço desculpas pelo liso, leso e louco, e livre, leve e solto. Continuarei investigando o assunto, mas sempre ouvindo as duas partes, digo, as três partes. Se essa massa alia-se aos poderosos ou os eleje, quer pouco, vive feliz no pouco doloso, por conseguinte, não tenho nada com isso, nenhuma censura caberá na sua conduta como ousei fazer acima ao esquecer Maquiavel que explicou com muita profeciência este fato social. Também é de uma simplicidade cavalar pensar que os problemas do mundo se resolvem com a troca constante de fraldas. O que importa é que fiquemos no zero a zero, nenhuma tese sai vencedora, sem embargo de haverem duas circunstâncias atenuantes para absolvição e apenas uma circunstância agravante para a condenação no julgamento do mais do mesmo, e, para ficarmos verdadeiramente quites, colocarei uma foto de Maquiavel no final. No empate, vamos esquecer as minhas rabugens de política, voltemos a literatura.

                                            Eça de Queiroz é de uma espiritualidade superior. Uma das maiores obras da literatura portuguesa é o Crime do Padre Amaro, publicado em 1875. Um livro imperdível, uma obra de arte com palavras certeiras, recheado com fartas pinceladas de ironia, humor negro de primeira. As primeiras palavras do livro são um primor, agarra o leitor com força e ele não consegue mais largar o livro, ele grudará em suas mãos. Puro deleite literário do realismo. Uma crítica feroz à Igreja Católica e aos padres prevaricantes. Cito as primeiras palavras do livro narrando a morte do padre José Miguéis, homem sanguíneo e nutrido, o comilão dos comilões, prestem atenção no hilário trecho - Lá vai a jibói esmoer. Um dia estoura:


                                             Foi no domingo de Páscoa que se soube em Leiria, que o pároco da Sé, José Miguéis, tinha morrido de madrugada com uma apoplexia. O pároco era um homem sanguíneo e nutrido, que passava entre o clero diocesano pelo comilão dos comilões. Contavam-se histórias singulares da sua voracidade. O Carlos da Botica - que o detestava - costumava dizer, sempre que o via sair depois da sesta, com a face afogueada de sangue, muito enfartado:
- Lá vai a jiboia esmoer. Um dia estoura!
Com efeito estourou, depois de uma ceia de peixe - à hora em que defronte, na casa do doutor Godinho que fazia anos, se polcava com alarido. Ninguém o lamentou, e foi pouca gente ao seu enterro. Em geral não era estimado.(...)


                                              Observe que Eça usa a expressão nutrido para se referir a uma pessoa obesa e esmoer como digerir, com muito humor.                                             


                                              Veleu Eça de Queiroz, como Maquiavel, R.I.P., rest in peace, descanse em paz.

                                              Zé Perrengue, querendo acreditar no princípio da fralda descartável, muita saúde espiritual a todos.                                           
Maquiavel, 1469-1527:
"quero ir para o inferno, não para o céu. No inferno , gozarei da companhia de papas, reis e príncipes. No céu só terei por companhia mendigos, monges, eremitas e apóstalos" 

8 comentários:

  1. sabe de que livro é essa citação??? ou de que obra, comentário? preciso identificar, muito obrigada
    Ana Maria Moniz

    ResponderExcluir
  2. http://lusopresse.com/2014/304/LER-Novembro-2013-OTA.aspx

    ResponderExcluir
  3. Sinto decepcionar o AUTOR acima, que deleitou-se com a frase atribuida ao S de Queiroz, mas não foi dele. Pra Nss decepção. O Robin Williams já a atribuiu ao B. Franklin num filme

    ResponderExcluir
  4. A frase citada não é de Eça de Queiroz nem de Benjamim Franklin. Autoria é desconhecida.

    ResponderExcluir