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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Pujança e miséria dos ativos RPMG3 e RPMG4 ou Refinaria de Petróleo Manguinhos










Um cisne negro surgiu no caminho dos ativos em 14/10/2012




                                                                    A empresa.Construída nos anos 50, a Refinaria de Manquinhos foi concebida para atender ao consumo de combustível do Rio. Em 1997, a YPF, maior empresa da Argentina no setor de petróleo, dividiu o controle acionário da refinaria com o Grupo Peixoto de Castro. Em 2008, a empresa foi adquirida pelo Grupo Andrade Magro.


                                                                                       A venda. Ricardo Magro, advogado tributarista, controlador da empresa, ganhou visibilidade no mercado de distribuição de combustíveis em 2002, usufruindo de um regime especial criado pela então governadora petista Benedita da Silva, o seu chefe de gabinete era Marcelo Sereno. Como já dissemos, seis anos depois,  Magro pagou R$ 7 milhões pela Refinaria. Após a compra Marcelo Sereno se tornou o presidente do conselho de administração de Manguinhos.      

                                                                                        Parceria com a Sinopec de 1,4 bilhões. A empresa alardeou este fato, em Setembro de 2012, mas nada foi confirmado. Pelo contrato, a refinaria funcionaria como centro de tancagem para as duas empresas, com capacidade para 6 milhões de barris, mais de três vezes sua capacidade atual. Na empresa o petróleo ficaria estocado para exportação. No mercado financeiro depois de um anúncio desta magnitude e se por acaso se concretizasse o ativo realmente iria às alturas. Muitos especuladores se posicionaram no ativo, digo, especuladores em razão deste tipo de investimento não ser muito confiável. Só que a empresa vivia anunciando fatos relevantes que não se concretizavam. Logo depois, uma funcionária da Sinopec disse que o anúncio foi um engano. Um protocolo de investimentos com a Petrobras também foi anunciado e não deu em nada, exemplificativamente.
                                                                                           

                                                                                         14 de Outubro de 2012, o dia em que foi feito o anúncio de desapropriação da Manquinhos ou o dia do black swan. Foi um dia trágico para o ativo, um acontecimento inesperado, o que chamamos de black swan. Um cisne negro, outrossim, não é de se estranhar, não importando quantos cisnes negros você tenha visto em sua vida. Foi um cisne negro muito inoportuno uma vez que foi precedido por duas noticias boas a, aparentemente, descritas acima.  O pânico foi às alturas, tanto é que a empresa pediu a suspensão da negociação das ações no dia 15 deste mesmo mês. O medo era da queda drástica dos valores dos ativos.


                                                                     Intenção do governo. O governador Sérgio Cabral divulgou que no terreno de 600 mil metros quadrados pretende erguer um conjunto habitacional. O Estado do Rio de Janeiro destacou, ainda, que a empresa deve R$ 406 milhões em impostos e outros R$ 130 milhões em multas. A desapropriação vai se tornar em uma novela, com ações judiciais e intrigas à farta e à saciedade. Os próximos capítulos prometem prejuízos mas o evento, o ocorrido, em termos de ativos só deve ser visto como um black swan, se o governador insistir ganhará a parada.


                                                                  A refinaria Manguinhos é acusada de vender combustíveis adulterados.  A adulteração de combustíveis voltou à tona no mês de Outubro de 2012. Esta polêmica não é nova, é antiga e a empresa já respondeu a procedimentos por isso.



                                                                       Sonegação fiscal. Esta acusação gerou um inquérito policial na Operação Áquila da Polícia Federal, remetido em 2011  ao Supremo Tribunal Federal por envolver figuras com foro privilegiado. Eduardo Cunha é rival de Sérgio Cabral dentro do PMDB. Outro método da empresa é compra direitos de pessoas em forma de precatórios, bem abaixo do preço, e depois nas execuções fiscais apresenrtá-los como créditos. Esta prática não é condenável mas não é convencional, é que as empresas devem honrar as suas dívidas fiscais de pronto ou fechar as portas.

                                                            

                                                                         As palavras do governo em relação a refinaria.
 
 
                                                                                                                         "Refinaria de Manguinhos já há muito tempo não funciona de fato como refinaria, mas sim como uma grande distribuidora de combustíveis, tanto derivados de petróleo, quanto etanol. A utilização desse terreno como moradia para milhares de pessoas que hoje vivem em condições muito precárias atende muito mais ao interesse social do que a manutenção da atividade econômica de distribuição de combustíveis, que pode ocorrer em outros locais menos privilegiados do ponto de vista urbanístico (Nota do governo do Estado do Rio de Janeiro)"
                                                                           "Você tem um cronograma de recuperação. Acho que o Minc está chutando esses cinco anos, porque tem que ter um estudo. Mas que sejam cinco anos. Foram 40 anos de abandono e há 20 anos que essa refinaria só faz não pagar impostos e não refinar nada. Aquilo é uma sucata a serviço da sonegação, então não vamos aceitar isso" (Governador)
                                                                            
                                                                              "de forma sistemática, se vale de subterfúgios nas áreas administrativa e judicial, na tentativa de pagar seus impostos com precatórios, em desacordo com a lei"


                                                              Dívidas impagáveis. Em Outubro de 2012 o governo do Rio calcula dívidas em 700 milhões de reais. Se este valor se confirmar é uma dívida impagável.


                                                               Ato de desespero. A empresa tentou se aproximar do governador e evitar a desapropriação cedendo 20% do terreno. O governo não aceitou.


                                                                      O incrível ano de 2010 do ativo. O IBOVESPA fechou o ano de 2010 em 69.305 e os ativos da manguinhos foram os campeões, ou RPMG3 subiu 505,21% e RPMG4 458,71%.


                                                                              Doxa. É opinião em grego. A nossa opinião é que em relação ao black swan da desapropriação o governador está correto. Não justifica uma empresa sucateada no centro do Rio de Janeiro e que ainda não honra os seus compromissos tributários. Quem especulou arriscou e perdeu. Nunca se esqueçam que quem arriscou, arriscou em um mico. Por outro lado, temos de olhar o interesse de toda a população da cidade e não o interesses de algumas milhares de pessoas. Agora, a empresa deve ser indenizada integralmente pelos prejuízos que tiver e não só integralmente, mas previamente sem o subterfúgio de se avaliar por menos e complementar o resto depois de anos a fio, causando prejuízos aos acionistas minoritários, o elo fraco na bolsa de valores. Estes dois princípios são consagrados na nossa Constituição de 1988.


                                                                            O retorno das negociações em 23/10/2012. RPMG4 bateu nos R$ 0,20 com queda de 69,70% e RPMG3 bateu nos R$ 0,27 com queda de 67,86%. Assim, a queda do valor dos ativos se confirmou.
                                                                             

                                                                      Mais prejuízos no terceiro trimestre de 2012. A Pet Manguinhos relatou seu resultado mostrando que obteve prejuízo consolidado de R$ 112,902 milhões, ante lucro de R$ 35,416 milhões no mesmo período do ano passado. A receita de venda de bens e serviços foi de R$ 492,987 milhões, queda de 21,5% em relação ao ano passado. Deste jeito estamos vislumbrando a miséria total pela desapropriação e prejuízos ou a falência.

 

2 comentários:

  1. Excelente site, continue postando, obrigado.

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  2. Seja bem-vindo. Obrigado pelo excelente. Para nós investidores o case manguinhos é algo que não devemos esquecer. Quando ganhamos o prazer é bem menor de uma perda.

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