Ora, ora e ora, é verdade que não temos educação financeira, como afirmamos categoricamente no texto Minha Casa, Minha Ruína? Sim, talvez não, é necessário matar a cobra e mostrar o pau, na tese, na antítese e, por fim na síntese. Tentarei o impossível.
Usarei um manual, um manual suíço que realmente me convenceu que não temos a chamada educação financeira, só depois de lermos este livro é que compreendemos a quantas anda o mundo do dinheiro. Se você tem qualquer poder, mesmo como porteiro do edifício, enfie debaixo do braço O Príncipe de Maquiavel. Se tem dinheiro ou quer manter o pouco ou, mesmo se quer ficar rico durma com Os Axiomas de Zurique, os conselhos dos banqueiros suíços para orientar seus investimentos, de Max Gunther. Este livro é o mais recomendado por aqueles que investem em ações ou estão começando neste mundo complexo e cheio de armadilhas. É um best seller no planeta terra. Li o livro, se for bem interpretado ele serve tanto como um manual de investimentos em ações e até para a nossa vida no dia a dia, rompe com ideias duras que temos em relação aos negócios. Por outro lado, todo mundo ganha dinheiro, o mais difícil é conservá-lo, não tem como segurá-lo. Aliás dinheiro também é poder, então é melhor ficar com as duas obras, com Maquiavel e Max Gunther. O brasileiro não gosta de meditar muito sobre dinheiro, um erro, já que o dinheiro é o oxigênio da sociedade. Com o seu ou com o do outro ou com o do governo e assim que vivemos, com pouco ou muito dinheiro. No livro encontramos doze axiomas maiores e dezesseis axiomas menores, os quais tentaremos espiolhar com humor e ceticismo neste blog. Diria que os doze axiomas são como dogmas do investidor agressivo e que corre riscos sopesados.
Max Gunther no início do livro diz que a sua terra natal, a Suíça é um quebra-cabeça pois é um país sem um centímetro de litoral, com uma área menor que o Estado do Rio de Janeiro, com terras praticamente imprestáveis, sem minério e, por outro lado, os seus habitantes são os mais ricos do planeta. No final, conclui que os suíços são ricos por serem os maiores especuladores ou jogadores do mundo na área económica. Explica que os axiomas nasceram em um clube suíço que operavam em mercadorias e ações do qual o seu pai o Sr. Friedrich Heinrich, conhecido por Fritz Henry, foi um dos fundadores. Este clube nasceu após a segunda guerra mundial.
Ora, ora e ora Max Gunther, também gosto da Suíça e já fiz os meus estudos. Não devemos negar que os suíços são bons especuladores, só que a Suíça não é só especulação, a Nestlé é de lá. Os relógios são maravilhosos, principalmente, os incrustados com pedras preciosas; não podemos esquecer dos chocolates, e outras mercadorias. Conseguiram ficar
"neutros" na primeira e segunda guerras mundiais, o melhor há trezentos anos não participam de nenhuma guerra. Deverasmente, não produzem à farta e à saciedade milho, ferro, ouro, soja, carnes e jogadores de futebol como o Brasil. Fica na Europa central , a sua capital é Zurique. Não tem costa marítima mas é sede da Cruz Vermelha. A Confederação da Suíça é composta de 26 cantões. Quase oito milhões de ricos habitantes, renda per capita superior a 43.000 dólares. Quatro línguas são faladas oficialmente ali, alemão, francês, italiano e Romanche.
Mas vamos ao que interessa, o primeiro grande axioma de Zurique é sobre o risco:
RISCO
Preocupação não é doença, mas sinal de saúde. Se você
não está preocupado, não está arriscando o bastante.
não está preocupado, não está arriscando o bastante.
"Se o seu principal objectivo é fugir das preocupações, então, você vai viver pobre." (trecho do livro).
Este axioma numa primeira leitura é assustador. O que aprendemos diuturnamente é que caldo de galinha e cautela não fazem mal a ninguém, que um homem prevenido vale por dois, que é valioso colocar a cabeça no travesseiro e dormir despreocupadamente, que preocupação mata. Segundo Gunther a educação que recebemos é um condicionamento social, para ficarmos pobres, já que não jogamos ou especulamos. Nestas ideias o investimento em caderneta de poupança é uma das piores coisa que o cidadão possa fazer, em razão do seu retorno ser baixo ou muitas vezes roer até o capital; é uma péssima aplicação pela simples razão do risco ser quase inexistente. A poupança, na verdade, tem o seu grau de risco, você pode sair com menos que entrou.
Uma das conclusões do livro é que quem recebe salário nunca ficará rico, simplesmente, por não correr riscos sem dizer que vive sendo maltratado pelo imposto de renda e pela inflação.
Depois de lançar este axioma estonteante Max explica que as preocupações são boas, que são elas que dão o tempero picante da vida, se você é um jogador, um especulador.
Max Gunther afirma que muitas pessoas gostam de ser tratadas como investidor em bolsa de valores, o que na prática não ocorre, você na verdade quando aplica em bolsa é um jogador ou especulador. É um jogador, em razão da maioria estar ali só jogando, e quem faz a abordagem, do bom investidor, esperando ética e direitos, vai acabar se dando mal.
Sobre o risco, o livro deixa bem claro que o especulador ou jogador não deve ir atrás de qualquer risco ou o jogador está, sempre, atrás de um risco calculado, um risco inteligente em que as suas possibilidades de ganho sejam maiores que as de perdas. O leitor deve compreender que não se trata de loucura e, sim, de risco calculado. Vou dar um exemplo, quem corre a 200 quilómetros com o seu carro nas ruas é um louco, agora, não podemos falar o mesmo de um corredor de formula 1, ali, o local é ideal para se desenvolver altas velocidades, este desportista está em um risco calculado em que domina praticamente toda a situação. Na rua o louco corredor não sabe o que vai encontrar. A velocidade acima da média é a mesma, mas os riscos são diferentes, um é planejado, o outro não passa de loucura. É o sopesamento do risco. Este axioma do risco é fundamental para uma moda que começa com tudo no Brasil ou pessoas físicas estão investindo em bolsa, em suas casas, através de um home broker conectado na Internet, já são em torno de 600 mil pessoas mais ou menos. Max ensina que essas pessoas são jogadores, que eles devem ficar preocupados e entrar no jogo com riscos calculados, correr riscos, e ser um ganhador. Será?
Tanto é que o primeiro axioma não trata de riscos tresloucados que ele é complementado por dois outros axiomas menores que vem em socorro do primeiro os quais cito:
1° AXIOMA MENOR
Só aposte o que valer a pena
Este axioma pode ser resumido na seguinte expressão: "só se deve apostar o que se possa perder". Como disse temos 600 mil pessoas apostando na bolsa. Não é que alguns tomam dinheiro do cheque especial, vendem a casa de morada, pega dinheiro da mãe, da sogra e queijando, tudo para correr riscos sem sentidos. Como se trata de riscos, se as coisas desandam, como sempre desandam, é um Deus nos acuda. Se você corre riscos você tem de estar preparado para perder, perder o que você realmente pode perder e no seu jogo as perdas não podem redundar em uma TRAGÉDIA, mormente em uma tragédia familiar. Por aí, vamos percebendo que o risco é calculado e inteligente, que ele é elaborado e que tem um verdadeiro procedimento. É um risco com método e com elegância, o bom jogador, não pode correr o risco de ter de chegar para os familiares e tentar explicar que as coisas estão desandadas e que diante disso é melhor colocarem a mudança nas costas; não é elegante dar às de vila diogo. Aliás sempre digo, não tente explicar o fracasso, ele, simplesmente, não tem nenhum sentido; é chover no molhado, chorar o leite derramado. Vamos ao segundo axioma menor:
2° AXIOMA MENOR
Resista à tentação das diversificações.
No nosso dia a dia aprendemos o seguinte axioma: diversifique os seus investimentos, nunca coloque todos os seus ovos em um só cesto, se o cesto cair, tu não ficarás com nada. Certo, errado para um suíço. Para um apostador genuinamente suíço a diversificação não é boa. Por primeiro você tem que correr riscos calculados e inteligentes ou bons riscos e deve escolher no máximo uns quatros cestos, três seriam de bom tamanho, talvez dois. Se você pula de galho em galho, quando as raposas aparecerem você terá muitas cestas de ovos para proteger, se você colocou, seu dinheiro em poucas cestas será mais fácil vigiá-lo das raposas famintas e, por conseguinte, não andará em círculos correndo atrás dos cestos. Este axioma menor vale para quem investe na bolsa de valores, se você investiu, cuide da sua cesta. Às vezes o cuidado é tanto, com tanto desespero, que o cidadão investe na bolsa, se inscreve em um fórum pela internet e fica ali só colocando notícias boas sobre aquela ação que investiu. Ou seja, é um comprado e quando os vendidos, aparecerem ali para questionar os fundamentos ou riscos, logo tentarão expulsá-los do fórum. Esclareço que comprado é quem comprou uma ação de uma empresa e vendido é quem quer comprá-la e está em busca de um bom preço de entrada. Tal conduta parece mais com um fanatismo ideológico ou desespero, contudo, essa conduta é perigosa, é periculosa em razão de cegar o apostador. Ao lado dos apaixonados, que são de duas espécies ou os fundamentalistas, um pouco parecido com os fundamentalistas religiosos e, os outros uma espécie de caçadores de tendência, estes confiam em coisas abstratas como aqueles que acreditam em discos voadores, por último, temos os de má-fé ali, funcionam como animadores de auditórios, tentando atrair para os seus investimentos, outros investidores.
Alerta e conclusão. Concordo com o axioma maior complementado pelos dois menores. Só que meditabundo, alerto que correr riscos, mesmos os riscos calculados e inteligentes, não é para qualquer um e que o nosso velho caldo de galinha tomado com cautela não faz mal, que o investimento na poupança ou em imóvel são seguros. Correr riscos não é investir em avestruzes de tristes lembranças. Alerto que é necessário ter estômago e cabeça para correr riscos, no meio dos comprados e dos vendidos, afinal, riscos são riscos e nada mais que riscos, discordando de Gunther, vejo que algumas pessoas parecem que nasceram para uma vida quieta, quentinha e sem preocupações ou sem os riscos suíços. Reconheço que as pessoas são diferentes, algumas pessoas parecem ter melhores inclinações e facilidades para lidarem com riscos. Acredito, por outro lado, na felicidade da quietude de muitos. De qualquer maneira, a abordagem filosófica do risco merece ser estudada e aprofundada e a nossa intenção foi mostrar a quantas anda a especulação, o quanto estamos longe dos suíços, e que investir em ações, exemplificativamente, é muito periculoso; é um lugar em que você encontrará excelentes jogadores com o manual suíço e outros mais sofisticados na ponta da língua, como a Arte da Guerra de Sun Tzu, sem falar nos livros essencialmente técnicos. O que os manuais não falam é que na bolsa você encontrará os manipuladores e os criminosos, são riscos ocultos e desleais no jogo. Continuarei as minhas pesquisas. No próximo texto tratarei sobre a GANÂNCIA, o segundo grande axioma de Zurique, você vai se surpreender com o tratamento suíço desta fraqueza humana. No fim de tudo mesmo vou lançar a minha antítese axiomática sobre riscos, já que também sou filho de deus e as antíteses serem necessárias em qualquer pensamento, quanto a síntese, fico lhe devendo, observo bolsas, não aplico em bolsa, se encontrá-la poderá ficar rico, se tornará em um filósofo do dinheiro na mesma medida em que existem os filósofos do poder:
Primeiro Axioma Maior: cuidado com os riscos suiços, eles não são do reino do homem comum.
Primeiro axioma menor: riscos não são para qualquer um.
Segundo axioma menor: cuidado com os criminosos e manipuladores de bolsa de valores, são riscos ocultos e desleais no jogo, geralmente, estes sacripantas ficam impunes.
Zé Perrengue.
Livro de Max Gunther |