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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Pujança e miséria a do ativo MMXM3 ou MMX Mineração

Pujança e miséria do ativo mmxm3


                                                                         A empresa. É uma empresa mineradora que produz cerca de 7 milhões de toneladas de minério de ferro, uma quantia considerada pouca. Para termos uma idéia a Vale produz mais de 300 milhões de toneladas. A Companhia de mineração pertencente ao Grupo EBX, a MMX foi criada em 2005 pelo empresário Eike Batista. Em julho de 2006, a empresa realizou seu IPO na Bolsa de Valores de São Paulo, captando R$ 1,1 bilhão. Em 2009, a companhia chinesa Wisco comprou uma participação de 21,22% da mineradora por US$ 400 milhões.

                                                                        Unidade de Serra Azul. A Unidade de Serra Azul, situada no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais, é uma das jóias da coroa da empresa. Produz 8,7 milhões de toneladas de minério de ferro por ano (Mtpa) e a empresa pretende expandir a produção  para 24 Mtpa. A expansão deverá consumir R$ 4 bilhões de investimentos e a previsão é que a nova planta da Unidade Serra Azul esteja em operação até o primeiro trimestre de 2014. Quatro bilhões é muito dinheiro e fico preocupado com a previsão de aumento de produção de minério de ferro mundo afora. Pode ocorrer uma super oferta diante de uma demanda fraca. De qualquer maneira é muito otimismo.


                                                                             Aumento de capital em 2010 quando o ativo foi precificado em R$ 13,90. A subscricao foi  de 115 milhoes de acoes, amealhando o valor total de1,6 bilhão.

                                                                        Reservas de Serra Azul. A SRK Consulting certificou 997,4 milhões de toneladas de reservas de minério de ferro na Unidade Serra Azul no começo de 2012. Na última certificação, divulgada dia 31 de agosto de 2011, foram auditados 1,7 bilhão de toneladas de recursos de minério de ferro medido, indicado e inferido na Unidade Serra Azul. Para a MMX, a certificação dos recursos minerais considera apenas o minério disponível em quantidade e qualidade adequadas. Já a certificação das reservas minerais avalia a parte do recurso mineral que é economicamente aproveitável, considerando diversos fatores. Só que um detalhe nunca deve ser esquecido, o teor do minério de ferro, o de Carajás da Vale atinge percentagens acima de 62%, este teor de 62% é  que dá base aos preços. Já o minério de Eike, segundo informações, gira em torno de 30%. Este último fato é o nó da questão, da empresa, no nosso entendimento ou uma mina realmente boa sempre terá um valor no mercado. Mineradoras pequenas na China que possuem reservas com baixos teores de ferro estão fechando no final de 2012.


                                                                       Segundo trimestre de 2012.Apresentou prejuízo líquido de 391,6 milhões de reais ante lucro de 90,9 milhões de reais no mesmo período do ano passado. Isso foi muito ruim para a empresa. O grande fantasma neste momento é o arrefecimento da China, que está arrefecendo todo mundo já sabe, prever a dimensão e duração dele é que é o desafio. Estamos pessimista com mineradoras. O que falamos no ativo da Vale vale para este com as devidas mudanças.


                                                                       Os preços do minério de ferro, a pedra no sapato. No terceiro trimestre de 2012, segundo a empresa, através de Guilherme Calhão, seu presidente, os preços  caíram e estão em uma faixa de 40 a 50 dólares por tonelada. O pior é que o minério da MMX é vendido no Brasil, mais de 60%. O preço internacional gira em torno de 113 dólares no final de 2012. O preço do minério é a pedra no sapato da mineradora, antes da crise havia verdadeira euforia em relação ao minério de ferro. Este fato pode tornar muitos projetos inviáveis.


                                                                   Notícia de 22/11/2012. Eike Batista aumentou sua participação na MMX Mineração e alcançou 46,1% do capital social da companhia, de acordo com comunicado arquivado na CVM. O acionista controlador da MMX detinha fatia de 29,99% nas ações da mineradora.

                                                                       3/12/2012, a má notícia que vai aumentar o capital.
O aumento é de 1,37 bilhão de reais. O preço de emissão é de R$ 3,92, com base na cotação da média ponderada pelo volume de negociação das ações ordinárias da companhia nos últimos pregões anteriores a 28 de novembro de 2012. Este valor é R$ 0,20 maior que os R$ 3,72 de 3/12/2012.  Com o aumento de capital, a companhia passará a ter um capital social de R$ 4,037 bilhões para R$ 5,404 bilhões. Isso é diluição do capital, péssimo para os minoritários. Este aumento explica o fato do controlador ter aumentado a sua participação ou queria evitar que o preço caísse. Estes R$ 3,92 é a precificação de um ativo que já valeu muito mais ou, ainda, a consolidação de um prejuízo para quem acreditou nesta empresa por um valor maior. O mais hilário é que Eike se compromete a comprar até um bilhão de reais caso a subscrição não tenha sucesso. Hilário em razão de uma subscrição normal não precisar deste tipo de expediente (se você não comprar eu compro), se o investimento é sólido, firme e com futuro garantido.


                                                                       Extravagâncias. Depois do IPO, as colunas sociais do Rio de Janeiro trombetearam que Eike estaria comprando água-de-coco com notas de R$ 100, sem pedir o troco. Sobre este tipo de comportamento sempre argumente ou pense: dinheiro não aceita desaforos. É uma regra antiga cultivada pelos nossos avós e bisavós e, a sua não observância é sintoma de que algo está errado com o cidadão. Quando a MMX anunciou um grande prejuízo o nosso homem do dinheiro disse que emprestará US$ 200 milhões do próprio bolso à empresa, sem cobrar juros e asseverou que este valor só será exigível em dois casos, a  falência ou a venda da mineradora por mais de R$ 3,00 por ação. Como resultado desta afirmação o ativo disparou. Agora, vejam só, a empresa tem prejuízo, há uma jogada de marketing, a ação dispara, sem nenhum fundamento sólido, pois a empresa deu prejuízo, e muitos entram no ativo como se palavras, apenas palavras movessem as empresas. Tudo isto é marketing e negócios não podem ser movidos apenas por propaganda.


                                                                      Nunca se esqueçam. Depois do IPO Eike disse que os chineses estavam chegando no Brasil e que poderia vender a mineradora, sempre gostou de vender os seus projetos no início.  Na verdade isto pode ser uma confissão que não tem condições de levar o projeto até o seu final. Afirmou isto depois de ter dito que estava criando uma empresa para competir com a Vale. Assim, o discurso é contraditório e o ativo é apenas especulativo, uma vez mais em razão do IPO de R$ 12,00. A crise de 2008 parece que pegou muita gente nadando  como veio ao mundo. Parece que existe uma cegueira geral no Brasil, muitas pessoas físicas já levaram imensos prejuízos neste ativo e em seus irmãos siameses e abandonaram até a bolsa. Antigamente, se dizia que quando os Estados Unidos pegava um resfriado o Brasil tinha uma pneumonia, será que esta regra não vale mais ou o governo conseguiu apenas adiar a pneumonia com bastante antibióticos?



                                                                   Meditação. Eike propõe comprar as ações a R$ 3,92 caso o mercado não queira. Agora pensem, ele não propôs comprar as ações quando elas custaram R$ 13,90 em 2010. Se isto ocorrer ele comprará um ativo por muito menos que vendeu ao mercado. Em 2010 ele vendeu 115 milhões de ações e amealhou 1,6 bilhão, agora, propõe comprar grande parte 348 milhões de ações a R$ 3,92 e arrecadar apenas 1,38 bilhão. Um bom trade para o homem do dinheiro. Só que mesmo a este preço e melhor deixarmos o dinheiro na poupança.Temos que acreditar em crise e ela chegou pujante no Brasil e para as mineradoras no final de 2012 e nada pode mudar esta realidade, por enquanto. O melhor é ficarmos em stand by.


                                                                       Texto encontrado em 31/12/2012. Encontrei um texto interessante sobre Eike escrito por Sebastião Nery:



                                                        SANTIAGO – Farid Jamil, comerciante de Ponta Porá, lá no sul de Mato Grosso do Sul, a 350 quilometros de Campo Grande, colada com Pedro Juan Cabalero, no Paraguai, e amigo do então governador Pedro Pedrossian, deu uma grande festa binacional no casamento do irmão.


Estava lá o mundo político e comercial inteiro, inclusive o general comandante da região, naqueles tempos do poder militar, em que o general era sempre o homem mais importante da região. O general ficou impressionado com o fausto da festa. Chamou o deputado Levy Dias, da Arena :

- Deputado, qual é o forte desta gente? É a pecuária? É a exportação?

- General, não se aprofunde. Se o senhor se aprofundar, vai sair da festa.

Daí a pouco, o general saiu da festa. Tinha se aprofundado.

PANTANAL

Mato Grosso, pantanoso, amazônico, é um grande mistério do Brasil profundo, sobre as águas, com seus pastos, peixes e passaros infinitos, atravessando rios, saltando fronteiras, meio brasileiro meio espanhol.

Águas, rios, pássaros, pântanos, tudo nos separa. Só a gente, com seus unânimes rostos indígenas, o boi, o peixe,o pássaro e o contrabando nos unem. Mato Grosso, antes de ser dois, já era espanhol quando Cabral chegou. Foi espanhol de 1494, no Tratado de Tordesilhas, até 1750, no de Madri.

Até 370 léguas de Cabo Verde, era Portugal. Daí em diante, era Espanha. O português Pedro Aleixo andou por lá em 1525. Mas, logo depois de 1.600, os jesuitas espanhóis, o MST dos reis da Espanha, chegaram e armaram suas barracas. Fundaram missões entre os rios Paraná e Paraguai.

Bandeirantes paulistas pelo sul, garimpeiros baianos pelo norte, foram entrando e ficando. Até que em 1750 o Tratado de Madri empurrou a Espanha para trás, para as fraldas nevadas da Cordilheira dos Andes, com o rio Paraguai separando definitivamente o Brasil do Paraguai e da Bolívia.

PUERTO SUAREZ

Já na década de 50, há meio seculo, estudantes pobres, saiamos de trem de São Paulo, atravessavamos Mato Grosso até Corumbá, passavamos sobre o rio Paraguai, entravamos na Bolívia por Puerto Suarez, até Peru e Chile.

Sempre voltei a Corumbá para pescar no pantanal. Há um roteiro inevitavel : atravessar o rio para comprar muambas e artesanato do lado da Bolívia. Criaram uma “Zona Franca” com um free-shopping, uma Brasif fajuta vendendo perfume, bebidas e eletrônicos. Mas o que funciona mesmo é o “shopping-chão” de Puerto Suarez, a miséria vendendo coisas no chão.

Pois foi ali, em Porto Suarez, um dos lugares mais pobres do mundo, que o senhor Eike Batista instalou uma criminosa picaretagem, chamando de “siderúrgica” fornos para fazer carvão queimando a vegetação do pantanal.

EIKE BATISTA

Ele corrompeu miseráveis autoridades locais e conseguiu autorização “municipal” para instalar os fornos e queimar madeira. Mas a Constituição da Bolívia já proibia empresas estrangeiras na fronteira e a legislação boliviana do meio ambiente não permite fazer carvão queimando madeira

Chegou o novo governo de Evo Morales e proibiu os fornos de carvão vegetal. Eike, como um senhorzinho espanhol dos tempos coloniais, distribuiu dinheiro com os miseraveis e promoveu manifestações populares “em defesa dos empregos” (a compra da vegetação do pantanal para queimar nos fornos).

Logo a imprensa brasileira, que se baba por um jabá, transformou o Eike Batista em novo heroi da Pátria, um ultrajado Tiradentes com pescoço de dólar. E TVs histericas, editoriais hidrófobos e jornalistas espertos uns e incautos outros passaram a pregar a invasão da Bolívia pela Pátria ofendida.

OMBUDSMAN

Inconsequentes e ridiculos. O “Globo Reporter”, tantos outros programas de TVs e jornais, denunciam sempre, e com razão, a “queima da floresta amazonica”, quando miseráveis brasileiros, sobretudo crianças, instalam fornos à beira das matas, como se fossem casas de cupim, para queimar madeira, fazer e vender carvão. EXatamente o que o Eike fez.

A irrecuperavel corrupção da imprensa brasileira, a serviço dele, passou até a defender que o governo brasileiro transferisse os fornos de Eike para o outro lado do rio Paraguai, em Corumbá, para queimar o pantanal brasileiro. Em editorial, a “Folha” intimou Lula a “assumir a defesa dos interesses brasileiros (sic) com o rigor que a situação e seu mandato exigem”.

Até a Eliane Cantanhede diz que a Bolivia “nega o direiro da EBX de Eike de funcionar no pais”. Ainda bem que o lucido Luis Nassif, na mesma “Folha”, mostrou que “a crise Brasil-Bolivia é um caso de diplomacia condescendente e empresas arrogantes, com comportamento típico de velhas potencias coloniais, como os ingleses pré-segunda guerra. É um jogo sujo, feito à margem da cultura e da lei local. É uma vergonha para o Brasil. Em um pais com as reservas de gás da Bolívia ele planejou levantar uma aciaria à base de carvão vegetal, destruindo um ecosistema, em uma localização proibida pela propria Constituição boliviana. Fosse no Brasil, seria escorraçado”.

O Eike quis pôr na Bolivia a coleira que ele botou na Luma."


                                                                               Resumo do ano de 2012. Um resumo matemático é que o ativo bateu o martelo no valor de R$ 4,45, com queda anual de 33,10%.


                                                                                 Começo de 2013 com o pé esquerdo. A mineradora informou em 08/1/2013 que foi autuada em 3,758 bilhões de reais pela Receita Federal devido à suposta dívida relativa a Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o lucro líquido (CSLL) no ano base 2007. Relatou que são  "totalmente improcedentes as autuações recebidas" e entrará com recursos contra a decisão administrativa. A empresa afirmou em comunicado ao mercado que as autuações não devem gerar provisionamento contábil para pagamento e nem devem acarretar em outras consequências financeiras imediatas. O valor das autuações equivale a 87 por cento do valor total de mercado da empresa, de 4,3 bilhões de reais, segundo dados da Thomson Reuters.
Segundo a companhia, as autuações referem-se aos seguintes eventos, que teriam gerado supostos ganhos de capital, não reconhecidos pela MMX: alienação de ações de emissão da Centennial Asset Participações Amapá S/A e da Centennial Asset Participações Minas-Rio S/A, realizadas, em bolsa de valores, pelo fundoestrangeiro Centennial Asset Mining Fund; e aumentos dos capitais sociais da MMX Minas-Rio Mineração S/A e da LLX Minas-Rio Logística S/A, subscritos e integralizados, com ágio, pela Anglo American Participações em Mineração Ltda., que geraram para a MMX apenas resultados não tributáveis de equivalência patrimonial. Com certeza a autuação vai virar uma novela administrativa e judicial e não terá impactos a curto prazo. Mas a longo prazo é bom ficar de olho. A dívida tributária é quase igual ao patrimônio da empresa e a legislação tributária no Brasil, com os seus princípios baseados em despenar o máximo que o Estado puder, certamente, é desfavorável aos contribuintes e às cempresas. Um provisionamento seria a atitude correta de uma empresa transparente e previdente é não o contrário. Agora, provisionar com o que? De qualquer maneira esta autuação vai ser um fatasma rondando o ativo ou uma dúvida constante que influenciará no preço do ativo. O certo é as empresas não deixarem pendências se eternizarem, lá na frente juros e correção monetária tornam dívidas impagáveis caso percam as ações.


                                                                   14 Março de 2013 ou a desistência dos investimentos no Chile ou a prova de que Eike queria abraçar o mundo. Os membros do seu Conselho de Administração aprovaram, nesta data, a desistência do projeto de investimentos da Companhia em ativos localizados no Chile, bem como o reconhecimento dos seus efeitos contábeis nas Demonstrações Financeiras de 2012. Havia  uma decisão judicial que paralisava a construção paralisdava, em Atacama, a construção da central térmica Castela, pertencente ao mesmo grupo de Eike. Se uma empresa não tem dinheiro para tocar o seus projetos no Brasil, o que motivou a ida para o Chile? Tudo indica que foi apenas especulação, a crença na valorização infinita do minério de ferro. Aquele ditado que fala que é arriscado dar um passo maior que a perna vale e muito para qualquer empresa. As condições econômicas no mundo mudam constantemente.


                                                                      4 de Junho de 2013. Mineração e Metálicos suspendeu, temporariamente, a produção de minério de ferro na Unidade Corumbá (MS) por um período de seis meses, com início neste mês. Haver´´a e missões de funcion´´arios. Finalmente, digo, a mis´´eria absoluta se aproxima do ativo ou uma recuperação judicial.  Infelizmente esta ´´e a realidade não s´´o da empresa mas do Brasil, bancarrota no horizonte.

 

 






 

2 comentários:

  1. A herança maldita só esta começando....

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  2. É a nossa tese tentando abrir o olho de muitos. Demorou muito para que as fragilidades aparecessem. Agora é tarde demais.

    Um abraço.

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